EB1 de MAÇAINHAS– Guarda – Portugal
Agrupamento de Escolas Carolina Beatriz Ângelo
O NOSSO BLOGUE VAI ENCERRAR, NO DIA 15 DE JULHO. FOI UM BELO PERCURSO QUE FIZEMOS JUNTOS, AO LONGO DE QUASE 4 ANOS!!!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

José Fanha

Finalmente, tivemos oportunidade de estar com José Fanha.

Contou-nos muitos episódios da sua vida, respondeu às nossas perguntas, declamou poesias e leu alguns trechos da sua obra. Tudo isto de uma forma tão divertida, que o tempo passou num abrir e fechar de olhos.

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Chegada de José Fanha.
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Sessão de autógrafos.
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Sempre muito simpático.
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Paciente.
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Prendeu a atenção de todos.
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Recebeu os nossos aplausos.

Este poema, de António Lobo Antunes, foi um dos momentos mais divertidos da sessão.

gripeTodos os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe

Pachos na testa, terço na mão
Uma botija, chá de limão
Zaragatoas, vinho com mel
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher
Ai Lurdes, Lurdes, que vou morrer
Mede-me a febre, olha-me a goela
Cala os miúdos, fecha a janela
Não quero canja, nem a salada
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada
Se tu sonhasses, como me sinto
Já vejo a morte, nunca te minto
Já vejo o inferno, chamas diabos
Anjos estranhos, cornos e rabos
Vejo os demónios, nas suas danças
Tigres sem listras, bodes de tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes, que foi aquilo!
Não é a chuva, no meu postigo
Ai Lurdes, Lurdes, fica comigo
Não é o vento, a cirandar
Nem são as vozes, que vêm do mar
Não é o pingo de uma torneira
Põe-me a santinha, à cabeceira
Compõe-me a colcha, fala ao prior
Pousa o Jesus, no cobertor
Chama o doutor, passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes, nem dás por nada
Faz-me tisanas, e pão-de-ló
Não te levantes, que fico só
Aqui sozinho a apodrecer
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

Pois, mas as mulheres não se fiquem a rir porque…

As gajas são lixadas
… O meu amigo Helder levou ontem um medíocre da nossa professora e, quando chegou ao recreio põs-me uma mão no ombro e disse-me com cara de quem sabe muito bem do que é que está a falar:
-Sabes o que eu te digo, pá?As gajas são lixadas!
Fiquei-me com aquela. Se o Helder dizia é porque devia ser verdade. Eu é que andava distraído e nunca tinha pensado a fundo nesses assuntos relacionados com gajas. Mas pensando bem, o Helder tinha toda a razão. Verdade, verdadinha:'As gajas são lixadas.'
Bastava lembrar-me da Armandinha que, em vez de me dar os cromos das pastilhas elásticas, preferia deitá-los para o caixote do lixo só para me irritar. E da Célia, a quem pedi namoro e se desatou a rir. E da Joana que todos os dias me dizia que eu tinha cara de sapo engasgado.
O Helder tinha mesmo razão. Quando fui para casa, ia a repetir cá para comigo:'As gajas são lixadas! As gajas são mesmo lixadas!' Olhava para cada mulher que passava por mim na rua e pensava: 'Tu és uma gaja lixada.' Vinha outra...'Tu também és uma gaja lixada!'
Cheguei a casa a repetir baixinho- As gajas são lixadas...-Que que vens a dizer, filho?- Perguntou-me a minha avó, e eu nada, nadinha...Pus-me a pensar. A minha avó não era lixada. E a minha mãe também não. Nem a minha madrinha. Muito menos a Rita das trancinhas do 3º esq. que não era mesmo nada lixada.
Mas não havia dúvidas. O Helder tinha toda a razão. As gajas são lixadas. As gajas são mesmo lixadas. O problema é que, entre as mulheres que eu conhecia, não tinha a sorte de conhecer nenhuma gaja.'
                                                                                                               In, Diário inventado de um menino já crescido, Gailivro, 2007 

3 comentários:

  1. as fotografia estao muito bonitas e o poema tambem

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  2. Gostei muito da tarde de hoje!!!!!!!
    Já li o poema ao meu pai!! Ahhhhh!!!

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